"O Complexo Baader Meinhoff"

Nos anos 70 a Alemanha viveu aterrorizada pela acção de um grupo terrorista de extrema esquerda, a "Facção do Exército Vermelho" (RAF - "Rote Armee Fraktion") mais popularmente conhecida como "Badder-Meinhoff". Com origem nos movimentos estudantis alemães dos anos 60, o grupo liderado por Andreas Baader, Ulrike Meinhof e Gudrun Ensslin iniciou uma violenta luta contra o que entendiam ser o novo rosto do fascismo: o imperialismo americano apoiado pelo aparelho político alemão. Após treino militar na Jordânia, num campo dirigido pela Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP), o grupo encentou, entre 1970-72, uma série de atentados a instalações norte-americanas e homicídios de polícias alemães. Após a captura dos principais dirigentes do grupo em 1972, iniciou-se o longo e polémico período de julgamento, que incluiu "greves de fome" e uma enorme pressão social e mediática sobre o repressivo sistema judicial alemão.

Apesar de detidos, conseguiram coordenar a chamada "segunda geração" da RAF, cuja maior parte dos membros não chegou a conhecer Badder ou Meinhoff, a qual promoveu uma escalada da violência que incluiu raptos e homicídios de empresários e juizes. Ainda neste período, as RAF efecturam um cerco à embaixada da Alemanhã em Estocolmo, em 1975, que resultaria em 4 mortes. O auge do conflito ocorreu no "Outono Alemão" de 1977, com o sequestro e morte de Hanns-Martin Schleyer (líder da Confederação de empresas industriais) pelas RAF e o sequestro de um avião da Lufthansa pelas FPLP. Ambos os incidentes tinham como objectivo a libertação da direcção das RAF e respectivo exílio para um país árabe. Exigência essa que não foi concedida, resultando no suícidio colectivo dos dirigente das RAF em plena prisão... A partir desse momento as accções das RAF reduziram-se drasticamente, ainda que a última operação date ainda de 1993 ("terceira geração" das RAF). Em 1998 as RAF anunciaram a dissolução do "grupo de guerrilha urbana"...

O "O Complexo Baader Meinhoff" é bastante bom! Um autêntico documento da história recente alemã com as respectivas ramificações europeias (Brigadas Vermelhas, FPs 25). Algo que nos ajuda a compreender as origens da democracia actual e dos conflitos que ainda hoje persistem um pouco por todo o Mundo. Não deixa de ser impressionante que a crença num determinado ideal consiga levar as pessoas a actos tão extremos (homicídios e suicídios), isolados (os membros das RAF abandonaram a família e filhos em nome da causa) e moralmente condenáveis... Certo é que os "ideais" se vão perdendo a meio de todo o processo, de que é prova a acção cada vez mais violenta das RAF (sobretudo a "segunda geração"), que já não agia em nome de uma causa mas apenas com o objectivo de libertar os seus "companheiros". Um filme, nomeado para o "Oscar de Melhor Filme Estrangeiro", a que não se fica indiferente...

Pontuação: * * * 3/5 - A não perder
Sessão: Dolce Vita Antas, 08/02/2009, 13:40