terça-feira, 13 de janeiro de 2009

"Amália - o FiIme"

Não era nem sou um fervoroso apreciador de "Fado", contudo com a minha passagem pela Faculdade, e conseguente "vida académica", acabei por passar a gostar, respeitar e tolerar este género musical genuinamente português, que nos distingue do resto do Mundo. Até esse momento, olhava para o "Fado" como algo de: velho, antiquado, estranho (sobretudo para quem é por exemplo do Porto, onde não há grande tradição de o ouvir) e profundamente conotado com o regime de Salazar. Por arrasto, e enquanto maior símbolo do Fado, Amália Rodrigues levava com o mesmo rótulo... O visionamento de "Amália - o Filme" acaba por ser o culminar dessa minha mudança de pensamento...
O filme não consegue, nem pretende, ser mais que a pura ilustração da sofrida vida de Amália Rodrigues. Filmado a ritmo de "Telefilme" (em 2009 o filme dará lugar a uma série de 2/3 episódios) e com uma tremenda interpretação de Sandra Barata Melo, o filme permite-nos conhecer a história do mito "Amália" e facilmente se compreende a razão daquela triste e forte voz... Desde a infância traumática, ao mau relacionamento com os pais, o enorme sucesso com o Fado, o aproveitamento dos homens da sua debilidade emocional e algumas questiúnculas políticas... Tudo é apresentado em flashbacks, tendo como pontos de partida: a estadia de Amália em Nova Iorque (em meados de 1980 para exames médicos) e o concerto que esta terá dado no coliseu de Lisboa pouco tempo após a Revolução de 25 de Abril de 1974.
É precisamente neste simbólico momento que o filme consegue, por momentos, estar bem acima da média... No Coliseu de Lisboa, menos de dois meses após o 25 de Abril. Alguns (poucos) espectadores chamam “fascista” a Amália; outro grita “já não tens cá o Salazar”; a cantora deixa a voz e a alma correrem e conquista o público... Ora eu acabo por me rever naqueles que sempre conotaram e desprezaram Amália devido à sua conotação ao regime que oprimiu os meus (e nossos) pais... Contudo hoje, parece-me que Amália deve ser recordada por aquilo que verdadeiramente era: uma excelente e sincera intérprete... Provavelmente terá contribuído para as poucas alegrias que o povo teria naquela altura! Também eu acabei por ser "conquistado" por esse momento no coliseu, ainda que com mais de 30 anos de diferença. Se o país "perdoou" a outras figuras conotadas com o antigo regime (Edgar Cardoso, Eusébio, Simone, Henrique Mendes, etc), porque não fazer o mesmo com Amália Rodrigues? ;)

Pontuação: * * 2/5 - A Ver
Sessão: UCI - Arrábida Shopping, 21/12/2008, 21:50h

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